domingo, 5 de junho de 2011

RAMATÍS COMENTA SOBRE OS ELEMENTAIS

PERGUNTA: — Como devemos considerar a existência de seres que, segundo afirmam alguns espiritualistas, formam uma espécie criada com o fim exclusivo de cuidar dos elementos da Natureza?






RAMATÍS:— A lei de toda a Criação é evolução. Deus é o princípio e o fim de tudo. Por que, então, alguns dos seres criados por Ele, estariam condenados a não participar da marcha evolutiva que possibilita a Seus filhos alcançarem os esplendores da angelitude? Como poderia a Lei, que estabelece ascensão mediante o desenvolvimento gradativo, confinar determinados seres em inconsciência estacionária, impedindo sua evolução para uma forma de vida mais aprimorada? O conjunto de leis que rege a vida estabelece que ela se inicie nas formações primárias de condensação da energia e siga uma sequência de ordem absoluta, nos encadeamentos dos processos a que a matéria é submetida para formar os organismos vivos. A lei que regula a evolução da Centelha de Vida é uma só. Essa uniformidade no desdobramento do processo evolutivo que preside toda a Criação demonstra a grandeza do Amor Divino. Esse amor é uma irradiação superior que atrai a si, irresistivelmente, tanto a molécula em formação como o espírito do arcanjo celestial. A Luz é uma só e produz efeitos semelhantes em todos os aspectos da vida na Criação. (1)

1 — Ver Libertação, de André Luiz (obra psicografada por Francisco Cândido Xavier), pág. 60.





PERGUNTA: — Qual a causa que levou certos investigadores da intimidade dos fenómenos da Natureza a admitir semelhante anomalia?





RAMATÍS: — Os homens clarividentes que investigaram o plano astral identificaram um trabalho “sui generis” organizado em torno da Natureza e que estava a cargo de seres desprovidos do senso intelectual humano. Eram entidades que agiam sob a ação da sintonia com os elementos da Natureza. Identificando essa característica fundamental, que ressaltava de maneira evidente a quem os observasse, concluíram que tais seres formariam uma espécie à parte na tendência que têm os homens para tomar o temporário por definitivo sem maiores investigações. Contribuiu para consolidar essa convicção o fato de os elementais sentirem-se assustados diante da presença humana, como elemento estranho que não vibra em sintonia com eles. Na realidade formam uma espécie entre os homens e os animais. Mesmo quando apresentam a forma humana o intelecto permanece em situação rudimentar de inteligência.





PERGUNTA: — Por que não foi esclarecido a tempo o equívoco?





RAMATÍS: Há uma característica humana muito enraizada que atribui aos fenómenos observados a interpretação que mais se ajusta a sua índole particular, em especial quando o homem executa experiências no terreno individual, sem recurso a uma fonte superior de inspiração. Os indivíduos que se entregavam a essas observações tinham o objetivo de conhecer mais através do desenvolvimento de suas faculdades psíquicas. Contando com seus próprios recursos, deles se valeram também na interpretação do que obtiveram. Tratava-se não de um estudo em união com o plano mais alto que pudesse conceder-lhes explicações. Exercitavam a visão e não a interpretação. Davam de si o que possuíam no esforço nobre de conhecer o plano mais próximo. Ligavam-se aos fatos e deles tiravam suas próprias ilações. Suas mentes estavam sintonizadas com o que viam. Descreviam e julgavam com os elementos de que dispunham, adquiridos no contato direto com os seres elementais. Suas impressões justificavam-se, pois se baseavam em fatos sentidos vivamente ao contato de uma realidade existente. O deslumbramento causado impedia-os de raciocinar mais adiante. Era tão bela a realidade entrevista que, a seu ver, bem se coadunava com a grandeza do Senhor e aceitavam que assim permanecesse, já que se harmonizava tudo exatamente ao objetivo do bem-estar da Natureza, dos seres que a ela se ajustavam e de quem os observasse. Registraram os fenómenos, felicitaram-se com o que viram e descreveram a realidade que puderam conhecer.

Mesmo dentro da espiritualidade, nem todas as barreiras podem ser contornadas de imediato e cada ser dá de si o que tem. Sua contribuição permanece como uma nobre dádiva e será aproveitada por outros que poderão aperfeiçoar suas observações a benefício geral. Assim sucede em todos os ramos da evolução humana. O próprio espírito que iniciou uma tarefa e que por suas limitações não a pôde completar, volta às vezes a continua-la em encarnação posterior. Pela Lei, todo conhecimento é suscetível de ser aperfeiçoado. Em vista disso não se procura violentar a capacidade receptiva de quem produz, introduzindo em seu trabalho elementos que não se encontra capacitado para conquistar. Estaríamos desvirtuando, embora para melhor, o tônus espiritual do trabalhador. Essas interferências podem ser feitas esporadicamente, a título de comprovação, mas não é uma norma de trabalho. De um modo geral, o trabalhador conquista e produz em consonância com seu cabedal próprio.





PERGUNTA: — Poderíamos receber maiores esclarecimentos sobre a situação desses seres? Devemos classificá-los como espíritos?





RAMATÍS: — São embriões de mentes humanas. Encarnarão primeiro entre os selvagens. Apresentam já esse condicionamento na sua união com os elementos da Natureza e no fato de se esquivarem ao contato do homem preferindo a solidão dos ambientes silvestres. Como estacionam em nível elementar de evolução mental, recuam diante do desconhecido até que lhes capte a confiança e então tornam se totalmente submissos, sem capacidade de discernir numa orientação própria. Não conseguem sobrepor-se à mente mais poderosa que os comanda. Por isso há homens conhecedores dos mistérios do pensamento e da vontade que influem e dirigem os elementais para alcançar propósitos pessoais. Desejamos alertá-los para o fato de que estes seres possuem a capacidade de formar hábitos e não se conformarão facilmente em modificá-los se seus irmãos mais desenvolvidos habituarem-nos a determinadas práticas. A responsabilidade de quem dirige seus poderes mentais é enorme e carregará consigo o séquito de seus colaboradores, suportando lhes as tendências, que ele próprio se incumbiu de alimentar. Assim, aqueles que com objetivos pessoais dominam mentes embrionárias, certos ou errados em suas atividades, terão que suportar a companhia e os riscos a que se ligam neste consórcio.

Os elementais não existem para servir de companheiros serviçais do homem. A este, que está mais acima na escala da evolução, é que cabe dar e, quanto aos detalhes da orientação a que devem obedecer aquelas mentes embrionárias, cumpre à direção mais alta da vida fornecê-la. É justo que ao nos imantarmos à vida superior, dela absorvendo os benefícios, desejemos que todos os seres o façam também. Não nos cabe, porém, usufruir de uma imantação perigosa de nossas mentes com as que são menos desenvolvidas, se o objetivo é a obtenção de vantagens imediatas. Se vos entregardes a essas práticas nocivas e com o correr da evolução conseguirdes libertar-vos do amor às coisas temporárias, ainda assim tereis que arcar com o ónus de orientar um ser menos evoluído, responsabilidade que vos pesará, pois para ele será muito difícil a libertação de hábitos cultivados, em virtude de seu baixo teor vibratório.

A situação dos elementais é a de quem abre os olhos para a vida a fim de ser enriquecido pela experiência que lhe surgir. São alegres, joviais e desconhecem os problemas morais que enredaram o homem em sucessivas peregrinações pela Terra. São almas “em branco” quando surgem encarnados após o estágio no plano astral. Não sofreram experiências; são crianças espirituais e isto pode ser sentido ainda na vibração de simplicidade que caracteriza os selvagens.

Os elementais, pois, são Centelhas de Vida individualizadas, com uma etapa primária de evolução cumprida e outra maior e mais rica a ser vivida. São, portanto, espíritos em escala subumana de evolução.





PERGUNTA: — Como poderemos entender a razão de estarem ligados especificamente a determinados elementos da Natureza? Em que se baseia essa sintonia vibratória a que vos referis?





RAMATÍS: — Esta sintonia diz respeito ao grau de evolução vibratória da matéria. A matéria em seus diferentes graus de condensação apresenta três características, que são chamadas “as três gunas”: o ritmo, o movimento e a inércia. (2) São propriedades que surgem à proporção que a energia se condensa em matéria. Os espiritualistas do Oriente explicam o “ritmo” como um movimento de forças produzido no átomo primordial. De acordo com as influências recíprocas do próton, do elétron e do nêutron, surgem sete formas de vibrações ou sete “ritmos” diferentes na constituição íntima dos átomos iniciais diferenciados entre si. A “força da vida” ou “prana” atuando sobre eles, imprime-lhes movimentos ou ondulações conjuntas de sele tipos diferentes. O ritmo dos átomos é chamado por cies “Tam-Mattra”, e ao conjunto de átomos da mesma vibração dão o nome de Tattwas. A terceira característica que a matéria adquire é a inércia e então apresenta o aspecto de densidade com que a identificamos no plano físico.

Fizemos este ligeiro apanhado da teoria da condensação da energia em matéria a fim de definir a situação dos elementais na Criação. Esses sete tipos de vibração da matéria têm densidades diferentes e constituem as moléculas formadoras dos elementos líquido, sólido, gasoso, da luz e outros que escapam à percepção humana comum.

Os elementais são seres que, saídos da irracionalidade total, ajustam-se à necessidade de evolução, atraindo à sua constituição perispirítica os átomos movidos de um determinado tipo preponderante de vibração ondulatória. O tipo de átomos que predomina em sua constituição determina o elemento com o qual se sentem afinizados. Assim como procurais o ambiente espiritual que melhor se ajusta às vossas vibrações mentais, a constituição molecular que lhes é própria leva-os a sintonizar com um dos elementos da Natureza. Estabelecem então trocas energéticas, tal como sucede convosco quando vos ligais às correntes de vibrações que vos são simpáticas.

2 — Para uma visão mais completa dessa teoria ver Libertação pelo Yoga. cie Caio Miranda, mantendo, porém, sérias restrições quanto ao desconhecimento da Doutrina Espírita demonstrado em alguns capítulos dessa obra.





As moléculas formadoras dos organismos dos elementais ainda estão em atividade de densificação progressiva. A formação de um perispírito humano obedece a processos de trabalho em que as moléculas se vão utilizando da força prânica, a fim de adquirir aos poucos a consistência de uma organização mais completa. O perispírito em processo de evolução torna-se capaz de absorver as energias mais condensadas, numa gradação que vai da luz ao éter, à água e à matéria sólida. Essa capacidade de sintonia e absorção é que faculta o desenvolvimento completo do perispírito humano. Em sua formação definitiva terá todos os órgãos em estado de preparação aprimorada e fortalecida. O registro espiritual dessas reações gravadas na “Centelha de Vida” que governa o conjunto permitirá sejam comandadas as células físicas para exercerem suas funções específicas, quando se der o fenómeno da encarnação. Então, as células perispirituais ativadas em seus processos de absorção de energias trabalharão automaticamente imprimindo às suas correspondentes físicas o impulso conveniente.





O perispírito dos seres elementais adensa-se e completa-se nessa existência pré-encarnatória no exercício de um “aprendizado celular”. É um período de ajustamento às futuras atividades que exercerão no seio de uma espécie mais evoluída e complexa. Exercitam-se na absorção prânica através dos diversos elementos para adquirir uma organização perispiritual completa e aperfeiçoada, obedecendo assim à evolução subordinada à dinâmica geral da Criação.





Os gnomos são elementais mais próximos do ser humano em sua constituição perispirítica. Conquistaram já a capacidade de aproveitar as vibrações da matéria em um estado de maior condensação e encontram-se prestes a iniciar suas encarnações.





A integração no corpo físico fornece à “Centelha de Vida” que vibra em cada ser, uma oportunidade de dominar experiências nos diversos planos em que a espiritualidade se abre ao homem. Por isso a adaptação das células perispirituais dos elementais às funções orgânicas mais complexas pode ser comparada à situação em que o discípulo estivesse fabricando seu próprio material escolar, recebendo para isso das mãos do mestre a matéria-prima e as instruções indispensáveis. De posse de um corpo fluídico bem aparelhado, encarna alcançando o primeiro plano de evolução humana que é o físico, onde poderá sorver a essência de ensinamentos cada vez mais nobres através das diversas encarnações. Torna-se assim habilitado a receber as lições que a escola da vida proporciona; mas, para tanto, a “Centelha de Vida” precisou cercar-se dos instrumentos que lhe facultariam alcançar seu objetivo, em obediência ao grandioso plano de evolução geral!





PERGUNTA: — Como compreender a necessidade dessa adaptação gradativa com o objetivo do treinamento celular, se a Centelha de Vida na escala animal já se uniu a um corpo denso, executando portanto funções de absorção de energias? Não seria suficiente um simples reajuste das formas de trabalho anteriores?





RAMATÍS: — O trabalho de treinamento celular torna-se necessário em virtude de surgir um fator novo de importância primordial — a condição humana. Como um passo além na escala da evolução, exigirá uma forma mais sutil de sensibilidade. Novos padrões de dispêndio de energias serão exigidos do ser, pois uma consciência mais ampla receberá impulso. Para melhor compreendermos este fato, podemos lançar mão de uma comparação: o órgão da visão que possuis é feito de forma a dominar somente até certo ponto o fenômeno a que se destina. Se desejardes obter um panorama mais perfeito recorrereis às lentes de alcance que, por sua vez, receberão tratamento apropriado para atingir respectivamente o infinitamente grande e o infinitamente pequeno; o telescópio e o microscópio. Essas três formas de satisfazer a vossa necessidade orgânica de identificação visual têm algo em comum: a utilização do mecanismo ocular, porém sob condições que variam muito em extensão e profundidade. Assim também, a capacidade que tem a Centelha de Vida para absorver a energia prânica dos elementos da Natureza varia com o grau evolutivo em que labora. Surgem as necessidades e a lei de evolução permite que elas sejam satisfeitas.





O perispírito humano forma-se à base de uma possibilidade maior na captação das energias da Natureza. Podereis compreender melhor essa realidade se vos lembrardes de que a capacidade de assimilação de energia varia entre os indivíduos e observando um organismo humano tomado de profunda desvitalização, sentireis a veracidade do que afirmamos. Há uma baixa geral de rendimento nas manifestações do ser tomado por essa desvitalização, aproximando-se sua expressão total de vida da condição animalesca. O que sucede então é que os elementos da Natureza com que entra em contato não são aproveitados como seria necessário. A Centelha de Vida perde temporariamente a capacidade de aprofundar-se no aproveitamento mais completo da energia.

No homem existe uma necessidade de aplicação profunda da energia nervosa, que é dispensada pelo animal. A atitude de colocar-se “de pé” diante da Criação, na plena consciência de um “eu” aperfeiçoado com capacidade infinita de evolução numa experiência que se assemelha à de quem vivesse no fundo do mar protegido por uma vestimenta de borracha impermeável; vindo à tona passará a usar roupas constituídas de células menos compactas, mais leves e arejadas.





PERGUNTA: — Como entender esse aproveitamento mais ou menos profundo da energia por parte da Centelha de Vida?





RAMATÍS:— A evolução é um abrir constante de novas portas ao espírito. A lei do aperfeiçoamento, como bem o sentis, transforma em uma necessidade premente, procurada com avidez pela criatura, uma virtude ou situação que pouco antes para ela não existia. Chama-se a isso “o grau de maturação necessário a uma conquista imediatamente superior”. Essa palavra mágica: evolução impulsiona os átomos que se agregam em torno da Centelha de Vida, pois encontra-se gravada, de forma indelével, naquela partícula de luz que comanda o processo grandioso a que obedece a matéria organizada em sua esfera de ação. Assim como as células inúteis de um organismo físico são eliminadas e substituídas por outras, no momento adequado a Centelha de Vida liberta-se de uma constituição mais grosseira substituindo-a gradativamente.





PERGUNTA: — Como se processa essa transição em que a Centelha de Vida passa a vibrar sintonicamente de maneira mais apurada?





RAMATÍS: — Atingindo o maior aperfeiçoamento na escala animal, entra a Centelha de Vicia em uma fase que se assemelha ao estado do homem que, após entregar-se às fadigas do trabalho rude em que as vestes e o corpo encontram-se contaminados pelas impurezas de toda sorte, despe-se, mergulhando em um banho purificador, após o qual envergará trajes que obedecem a melhores condições de higiene.

Ela permanece então no estado de consciência pura, iniciando uma formação perispiritual aprimorada em que condensa em torno de si moléculas portadoras dos átomos primordiais relativos aos elementos, numa escala gradativa de densificação.





PERGUNTA: — Como compreender a necessidade de um aproveitamento mais profundo da energia irradiada pelos elementos da Natureza, tendo em vista um dispêndio maior da energia nervosa?





RAMATÍS: — A Centelha de Vida sofre uma constante atração para a sua Origem e à proporção que o progresso se realiza ela vai construindo as bases de uma ascensão. Nessa nova fase em que penetra o campo de desenvolvimento das energias na escala do progresso humano, ela passa por um processo de purificação ou reavivamento de possibilidades que lhe alargará os horizontes. Inicia a construção de uma série de novos veículos que lhe permitirão projetar-se em manifestações individuais cada vez mais próximas de sua Origem. Tendo por base o corpo físico, construirá sobre ele a possibilidade de lançar-se em expressões superiores da própria individualidade nos planos que vibram acima do âmbito limitado a que até então se ligava. Penetrará em dimensões mais profundas do campo energético que a circunda, atraindo a si a força oculta das partes imponderáveis da energia que o homem ainda não classificou, mas que existem em seu próprio ser. Movida pelo dinamismo divino que a impulsiona executará automaticamente a tarefa de prover-se das energias sutis que permitirão uma condição aperfeiçoada de consciência individual.





PERGUNTA: — Que relação existe entre o dispêndio maior de energia nervosa e essa aquisição de novos veículos?





RAMATÍS: — O perispírito ou corpo astral capaz de suportar a carga mais intensa de uma vida espiritual aprimorada tem que possuir uma consistência apropriada ao tipo de energias sutis que o atingirão, para que as registre dando-lhes a orientação devida. É preciso que se abra campo permeável à libertação das novas expansões aperfeiçoadas do ser e uma rede mais sensível de reflexos terá que ser estendida. As solicitações do meio terão que ser apreendidas em maior extensão e profundidade, atendendo ao objetivo do alargamento do campo da consciência. Haverá necessidade de uma canalização aprimorada das excitações produzidas pelos agentes externos através dos nervos, numa intercomunicação físico-astral e atingir em seguida as vibrações mais sutis do campo mental, por onde mais tarde se lançará aos planos superiores; por sua vez, o comando da consciência terá que contar com os elementos necessários para expandir-se através dos veículos mental, astral, etérico e físico. No funcionamento de todo esse mecanismo a “energia nervosa”, como a chamamos, terá que ser absorvida com muito maior intensidade dos elementos da Natureza onde existem em depósito.





PERGUNTA: — Em virtude de considerarmos de grande valor o trabalho espiritual de nossos irmãos, sentimos dificuldade em aceitar a existência de enganos na interpretação que fizeram dos fenómenos observados.





RAMATÍS: — Essa atitude vos é ditada por uma reação psicológica semelhante à que adota a criança maravilhada pelas aptidões dos adultos, julgando-os livres de toda limitação diante da vida. O homem que trabalha espiritualmente está crescendo em suas possibilidades diante da vida, tanto quanto o adulto se exercita no labor diário, sendo passível de engano como qualquer ser em evolução. É a vossa incompreensão das condições naturais do progresso infinito dos seres que vos faz temer os enganos e considerá-los como derrotas fragorosas. Alcançado um certo grau de evolução, o espírito sente-se tão compensado em seus esforços evolutivos que não dá mais valor excessivo aos enganos em que possa cair na sua luta pelo bem. Assim como o adulto encara com serenidade determinadas situações equívocas que ao adolescente impressionam profundamente, o espírito que acorda para as responsabilidades das realizações espirituais assusta-se e perturba-se ante problemas que mais tarde aceitará como naturais ao processo do próprio engrandecimento. A alma esclarecida sente que pode errar e nem por isso se afasta da norma de conduta que se traçou, pois reconhece que está em aprendizado e ama a condição de luta em que se encontra.





PERGUNTA: — Como compreender melhor essa possibilidade de haver enganos nos labores espirituais, esclarecidos mais tarde, às vezes pelo próprio espírito que volta a lidar no mesmo campo de ação? Em nossa compreensão acanhada pretenderíamos que o setor de trabalho espiritual, como fonte de orientação de valor primordial para o homem, estivesse a salvo de tais contingências.





RAMATÍS: — Do que afirmais deduziríamos que o labor espiritual humano deveria fugir a todos as normas evolutivas, sendo feito à base de favores recebidos, o que absolutamente não seria construtivo por não contribuir para a evolução dos seres que a ele se dedicassem. Seriam os espiritualistas uma classe privilegiada no Universo? Se isto sucedesse ver-se-ia o paradoxo de um conjunto de seres cujas atividades evoluiriam grandemente, mas que nada ou muito pouco construiriam em sua evolução individual. Sucederia que justamente no setor em que julgais mais sagradas as atividades humanas, quebrar-se-ia uma norma de trabalho Universal: a de que o esforço e capacidade sejam proporcionais à realização. Por que os que lidam mais diretamente com as verdades eternas seriam poupados à experiência benfeitora capaz de provar a necessidade e a vantagem de nos submetermos à lei do progresso?





PERGUNTA: — Não haveria a possibilidade de essas tarefas só serem entregues a espírito incapazes de cometer enganos?





RAMATÍS: — Como poderia alguém executar uma tarefa com perfeição sem nunca ter sido submetido à fase de aprendizagem? De que forma impedir que cada ser atraído a um determinado setor de realização se entregue a ela num aprendizado feliz, sob a alegação de que poderá cometer enganos? Negar-se-ia, na Terra, o ingresso ao aluno por ser ele capaz de errar em seus exercícios? Realmente as tarefas de importância capital só são entregues a quem possa executá-las a contento; mas esse cuidado é proporcional à repercussão do êxito da realização. Nos dias de festa os melhores alunos são escolhidos para representar a escola, porque o fator “êxito” é indispensável então, mas paralelamente a isso os outros aprendizes continuarão a ser treinados na obtenção de novos valores. E é com alegria que a direção mais alta do planeta vê os vossos esforços na aquisição de bases para a colaboração com o progresso comum. Quando Jesus afirmou que “há mais alegria no Céu pela regeneração de um pecador do que pela chegada de um justo” referia-se ao júbilo que se multiplica entre esses “justos” por verem estendidas aos seus irmãos as condições de felicidade que desfrutam. Assim, há necessidade de estabelecer-se entre vós c conceito de que as atividades espirituais são uma porta aberta tanto ao justo como ao pecador, tanto ao “santo” como ao que se julga pequeno e deserdado, porque todas as oportunidades são oferecidas ao ser em evolução para que aperfeiçoe seu grau de sintonia com as correntes benfeitoras da vida.

Além disso, por que julgar a atividade espiritualista uma forma privilegiada de servir ao Senhor? É preciso estender, ampliando, o conceito de “espiritualismo”. Definido como “trabalho em torno das possibilidades grandiosas do espírito” teremos que conceber uma renovação e considerá-lo estendido a toda a realização que enobrece e eleva o espírito, impulsionando-o para uma situação mais aprimorada, em uma escala infinita de progresso. Assim pensando, compreenderemos que haverá atividades humanas que, com muito maior razão, deveriam permanecer dentro de normas de exceção que as preservariam de erros, pois influem decisivamente em coletividades inteiras e isto não sucede. As leis estabelecidas para a evolução do espírito são tão perfeitas em sua totalidade, que CAPÍTULO 06 DO LIVRO MENSAGENS DO GRANDE CORAÇÃO, PSICOGRAFADO POR AMERICA PAOLIELLO MARQUES: OS ELEMENTAIS OU ESPÍRITOS DA NATUREZA

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